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Após denunciar que um luxuoso shopping carioca estaria despejando esgoto sem tratamento na Lagoa da Barra da Tijuca, o biólogo Mário Moscatelli, fez o que já faz há quase 40 anos: denunciou.
Foi processado pela empresa por calúnia e difamação e condenado pela Justiça a pagar R$ 40 mil. Como a denúncia foi em 2018 ele terá que pagar juros. A indenização sobe para mais de R$ 70 mil.
Mário Moscatelli é responsável pelo projeto de conservação do manguezal na lagoa e luta há mais de 30 anos contra ações que destroem o meio ambiente. Então, quando ficou sabendo do ocorrido na época, não ficou calado, reagiu, e pediu que o centro comercial fosse responsabilizado pela atitude.
Meses depois o shopping foi inocentado e, logo em seguida, processou o biólogo, que acabou perdendo a batalha, sendo obrigado a pagar a indenização.
Em entrevista exclusiva, por whatsapp A TRIBUNA, Moscatelli desabafou e diz que foi culpado por algo que não fez.
Pouco há de se dizer sobre essa triste história. Fui processado e considerado culpado por algo que não fiz, disso eu tenho certeza. A Justiça considerou que devo ter extrapolado meu direito de expressão em minha reclamação, fato que também discordo, mas não vejo como mudar a decisão da Justiça, visto que a narrativa dos reclamantes é a que tem sido considerada a real, ao contrário da minha, explica o biólogo.
Defensor da natureza, é como Mário Moscatelli é considerado. Na entrevista, ele conta que criou uma 'vaquinha' online para que consiga arrecadar o dinheiro da indenização muitos brasileiros o apoiam.
A ajuda virtual comoveu muitos nas redes sociais e agradecido, o biólogo diz que a sua batalha é reconhecida.
Felizmente as pessoas que acompanham minha trajetória profissional nos últimos trinta anos, sabem e reconhecem meus esforços em defesa do ambiente e da qualidade de vida da população. Não por outro motivo é que se sensibilizaram a me ajudar a pagar a pena imposta pela Justiça.
Com a intenção de ajudar e continuar a sua missão, o biólogo lamenta que a natureza precise pagar pelo erro humano e que vai continuar na sua luta, que acontece desde 1988.
Apenas fico perplexo quando comparo os múltiplos danos causados ao ambiente de nossa cidade e desconheço punições semelhantes aos delinquentes ambientais. Enfim, como já disse, continuamos pensando e interagindo com o ambiente como no Brasil colônia, explorando até o esgotamento dos recursos naturais e onde muitas vezes a certeza de não ser devidamente punidos, estimula ainda mais as agressões ao ambiente. Eu escolhi meu lado e continuarei defendendo-o. É basicamente isso desde 1988.
A TRIBUNA procurou o shopping, no entanto, não obteve respostas.