Aline Balbino
Trabalhadores que ganham mais de R$ 36 mil por ano, o que representa R$ 3 mil de salário mensal, não serão mais beneficiados com o Bilhete Único Intermunicipal. A decisão foi discutida e acertada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) nesta quinta-feira. Segundo o texto, o valor do Bilhete Único subirá de R$ 6,50 para R$ 8 a partir de janeiro. Com os problemas envolvendo o BU, muitos usuários estão sendo prejudicados.
Os problemas não param por aí. A crise do Bilhete Único pode levar rodoviários a uma greve geral, segundo o Sindicatos dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Passageiros de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), a categoria será colocada em alerta para uma possível paralisação por tempo indeterminado, diante das notícias veiculadas pela entidade patronal de que linhas intermunicipais serão suprimidas e que os trabalhadores terão seu 13º suspenso como consequência do não pagamento, pelo Governo do Estado, da compensação do Bilhete Único.
Passageiros de linhas intermunicipais na Capital, em São Gonçalo, Niterói, Maricá e Itaboraí já estão sentindo a ausência de ônibus. Muitos usuários de transporte coletivo estão reclamando que os ônibus que costumavam pegar estão se atrasando em mais de meia hora ou sequer passam. A Federação de Transporte de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor) já anunciou que será inevitável reduzir a frota de veículos, visto que o Estado ainda não quitou a dívida de R$ 22 milhões. A dívida cresce em R$ 2 milhões por dia.
O auxiliar de obras Renato Mendes mora em Itaipuaçu e demorou 34 minutos para conseguir embarcar em um ônibus para Niterói. Quando o coletivo finalmente apareceu, estava lotado, obrigando o trabalhador a ir em pé de Maricá a Niterói.
Isso é um problema. Desde terça-feira que os ônibus estão demorando. O motorista que eu sempre pegava não está passando mais e os ônibus estão vindo lotados já. Eu acho um absurdo pagar por um transporte caro e ter que ir em pé, disse.
A redução de ônibus tem gerado filas no Terminal Rodoviário João Goulart, no Centro de Niterói. Entre 10 horas e 11h é incomum ver grandes aglomerações. Mas, com menos coletivos circulando, ver filas virou algo comum.
Questionado sobre sanções às empresas de ônibus por conta da redução de frota, o Tribunal de Justiça (TJRJ) informou que não há previsão de multas. Segundo a Fetranspor, o valor não pago pelo Governo do Estado, referente à parte da tarifa que o passageiro deixou de pagar, pode comprometer a continuidade dos serviços, uma vez que as empresas ficarão sem recursos pagar itens básicos da operação, como o combustível, o segundo maior custo das empresas, que representa 25% do total.