Wellington Serrano -
O vendedor de automóveis Leonardo Alves Rodrigues, de 45 anos, de uma coisa tem certeza: usar o Sistema Único de Saúde (SUS) está bem melhor. Ele, que tinha plano de saúde particular, depois do desemprego passou a usar as redes municipais e estaduais para o tratamento da diabetes tipo 2 e disse estar satisfeito com a diferença no bolso na hora de comprar os remédios que usa diariamente. Não posso negar, encontrar minha insulina, que eu pagava quase R$ 100, às vezes pego até de graça em uma farmácia popular. É uma benção, comemorou.
O caso de Leonardo é o mesmo de muitas pessoas. Por conta da crise, mesmo com plano de saúde, está optando por ser atendido na rede pública. O motivo é o fato de conseguir medicamento mais em conta ou até mesmo de graça nas farmácias populares. Segundo informações, as vendas nessa modalidade aumentaram consideravelmente.
Para a farmacêutica Karla de Holanda, que trabalha na Farmácia Viva Mais do Barreto, a população está doente e sem dinheiro. Muitos saem do posto de saúde com a receita na mão e quando não conseguem remédios de uso controlado, como asma, diabetes, hipertensão, colesterol e até remédios contraceptivos, de graça, pagam até 50% mais baratos, disse ela ao confirmar o aumento da demanda constante no uso dos medicamentos. Antigamente os usuários dos remédios de uso contínuo eram na faixa de 60 anos em diante. Nos dias de hoje, aos 20 anos de idade em diante já temos pessoas assim, declarou Karla.
Apesar de nem todas as farmácias populares trabalharem com todos os medicamentos, grande parte é distribuída gratuitamente. Há outros que são vendidos com até 90% de desconto nas unidades privadas credenciadas no Aqui Tem Farmácia Popular. Eles são para rinite, dislipidemia, mal de Parkinson, osteoporose, glaucoma e contraceptivos. Há ainda fraldas geriátricas. A proposta é que o programa Aqui Tem Farmácia Popular complemente o atendimento realizado pelas farmácias públicas das Unidades de Saúde, ao incorporar à rede de drogarias do setor privado.
Para retirar os medicamentos no Farmácia Popular, o cidadão deve apresentar o documento de identidade, CPF e receita médica dentro do prazo de validade. Os descontos são variados. O contraceptivo Noretisterona 0,35mg, por exemplo, pode ser comprado por R$ 1,80. Se fosse na farmácia normal, ficaria por R$ 18. Já o Sinvastatina, usado para controle do colesterol, fica por R$ 3,80 no Aqui tem Farmácia Popular e é vendido por R$ 20 na farmácia normal. Já o Maelato de Timolol pode ser encontrado por R$ 4, valor que subiria para R$ 19,90 sem o desconto.
A cada ano os índices de doenças genéticas como diabetes, pressão alta e colesterol, crescem entre os brasileiros. O maior problema enfrentado é a realização do tratamento, isso porque o preço dos medicamentos é elevado. Estudos realizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que 61% das despesas são com a saúde.