Wellington Serrano -
O deputado estadual Waldeck Carneiro (PT) visitou na última quinta-feira a redação de A TRIBUNA. Na ocasião, ele fez um balanço dos seus três anos e meio do primeiro mandato, que, como ele mesmo destacou, exercido na legislatura mais complicada do Estado do Rio de Janeiro nos últimos 60 anos, devido às crises nacional e estadual.
Segundo ele, a ruptura democrática que o Brasil está vivendo e a crise do Estado específica do RJ fazem o cidadão fluminense viver duas crises ao mesmo tempo. O país está entregando suas principais reservas de riqueza e potencialidades estratégicas ao capital internacional, afirmou.
No caso da economia do petróleo, o deputado disse que isso afeta diretamente o Rio de Janeiro: nós produzimos cerca de 70% das reservas certificadas do óleo, somos o maior produtor de petróleo da Federação e já vinhamos sendo prejudicados antes deste quadro crítico que o Brasil vive, desde o golpe de 2016, por causa da Emenda Serra, que colocou o setor do petróleo e de energia como o único em que o ICMS é arrecadado no destino e não na origem, no consumo e não na produção: isso é um desastre para o Rio, lamentou.
Waldeck ressaltou que o Estado também sofre há quase 20 anos com a Lei Kandir. Ela isenta do recolhimento de ICMS os produtos exportados primários e semielaborados. O Rio de Janeiro já perdeu nesse tempo quase R$ 50 bilhões. Então, já tínhamos essas perdas acumuladas e agora temos nossos campos de exploração sendo entregues a preço de banana para petrolíferas internacionais: não fazem investimentos aqui e revendem os campos de exploração para acumular capital nas nossas costas, afirmou Carneiro.
Para o deputado, o Brasil volta a ser exportador de óleo bruto e começa a comprar os derivados importados do nosso próprio petróleo. Enquanto nosso parque de refino está com quase um terço da sua capacidade ociosa. Isso é um baque muito grande na economia do estado, ressaltou.
Segundo ele, outro baque grande na economia do estado é a mudança completa da política da Petrobras em relação às encomendas do setor naval. Desde 2003, o setor naval passou a ser acionado pela Petrobras, que recebeu a diretriz de fazer pelo menos dois terços de suas compras ao setor naval brasileiro: embarcações de apoio, plataformas, sondas perfuratrizes, que na década de 90 foram compradas quase todas na Ásia: China, Cingapura, Filipinas e Coreia. É o chamado Conteúdo Local, que fez o crescimento dos estaleiros que hoje estão quebrando e prejudicando a economia do Rio, pois o governo ilegítimo de Temer voltou a fazer suas encomendas à indústria naval estrangeira, realçou Waldeck.
Waldeck ainda criticou a economia que a Petrobras fez no segundo trimestre do ano, com um lucro líquido de R$ 10,7 bilhões, alta de 45% em relação ao primeiro trimestre, quando o lucro foi de R$ 6,96 bilhões. Lucro a que preço? Comprando plataformas mais baratas na China e gerando dezenas de milhares de desempregados no Brasil? Botijão de gás que custa quase 10% do salário-mínimo? É uma economia que não compensa, que exclui! Prefiro um lucro líquido menor, mas com os trabalhadores do setor naval empregados e sem que as famílias tenham que escolher se compram comida ou gás, concluiu o deputado.