A natureza explica o temporal da madrugada de ontem, mas a razão custa acreditar na potencialidade da chuva. A tempestade castigou o Rio de Janeiro e deixou quatro mortos, além de muitos bairros alagados e o temido estágio de crise, o pior de três estágios. Em Niterói e São Gonçalo a ação natural assustou os niteroienses e gonçalenses, deixou rastros por onde passou, mas nem se compara ao caos da cidade maravilhosa. A boa notícia é que a meteorologia descarta possibilidade de novos temporais nos próximos dias.
Em Niterói choveu 32,3mm nas últimas 24 horas, o que equivale a 25,23% do esperado para todo mês de fevereiro. Em São Gonçalo choveu 23mm, o que corresponde a 17,96% do esperado. Segundo o Climatempo, em uma média dos últimos 30 anos são esperados 128mm de chuva em fevereiro. Alguns bairros de Niterói foram castigados com a força da chuva, como na Ponta da Areia, em Icaraí e no Ingá. No pacato bairro da região central, o mergulhador Fábio Silveira, de 37 anos, disse que foi criado no local e que sempre teve problema quando a chuva é mais forte. A parede de terra desmorona, além de deslizarem pedras e muito lixo. Isso é um problema antigo. Ficamos com medo, comentou o niteroiense.
A Defesa Civil de Niterói informou que manteve equipes de prontidão, porém não foi acionada. Não foram registradas ocorrências de deslizamentos ou desabamentos e nenhuma sirene precisou ser acionada na cidade. Os maiores acumulados foram registrados em Icaraí e no Centro, no entanto, os níveis de chuva se mantiveram dentro da média. A cidade permanece no estágio de vigilância, o menor na escala de prontidão. A Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (Seconser) detectou alguns pontos de alagamento devido ao temporal e equipes realizaram a desobstrução da rede pluvial com caminhões Vac ALL para melhorar o escoamento da água.
RIO DE JANEIRO
De acordo com o Climatempo o temporal aconteceu devido uma queda acentuada da pressão atmosférica sobre o mar na região próxima ao litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro. Isso fez com que nuvens muito carregadas se desenvolvessem nestas áreas na madrugada da quarta-feira.
A situação no Rio de Janeiro ficou tão crítica que o Centro de Operações da Prefeitura pediu que as pessoas evitassem se deslocar pela cidade na manhã de ontem. Segundo nota, as chuvas intensas atingiram várias partes da cidade e na estação pluviométrica da Barra/Riocentro foi registrado um volume de chuva que corresponde a 119% de tudo que era esperado para o mês de fevereiro.
Quatro pessoas morreram devido o temporal: Nilsimar Santos, de 48 anos, que era policial militar e teve o carro atingido por uma árvore em Realengo; Marcos Garcia, de 59 anos, e Judina Magalhães, de 62 anos, morreram em Quintino após desabamento dentro de casa; e um adolescente de 12 anos que morreu no bairro Cascadura. Ruas alagadas, árvores caídas, carros arrastados pela correnteza e até mesmo um trecho de 30 metros da Ciclovia Tim Maia cedeu em São Conrado. Os problemas estruturais movimentaram o Rio de Janeiro e o transporte público, como os trens e metrô, ficaram interditados por algumas horas.