Um grupo de cerca de 300 servidores públicos estaduais, a maioria da área da segurança pública, como policiais civis e militares, bombeiros e agentes penitenciários na ativa e aposentados invadiram nesta terça-feira (8) o Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Eles protestaram contra medidas do pacote de ajuste fiscal anunciado pelo governador Luiz Fernando Pezão no último dia 4. A sala da Vice-Presidência da Casa foi depredada. Os manifestantes só saíram do local no final da tarde e de mãos dadas. Diversas categorias planejam greve geral para esta sexta-feira.
A manifestação começou por volta do meio dia nas escadarias do Palácio Tiradentes e, às 14 horas os manifestantes derrubaram um tapume que protegia obra de reforma na fachada do prédio e invadiu o saguão e o plenário do legislativo fluminense. Havia poucos deputados presentes, como Paulo Melo (PMDB) e o vice-presidente da Alerj, Wagner Montes (PRB), que discutiram com os servidores. O primeiro teria sido agredido e o segundo, atingido na cabeça por uma garrafa de água atirada por um manifestante. As agressões não foram confirmadas pelos parlamentares. Exigimos a retirada imediata dos projetos da Alerj. Nós arriscamos a vida nas ruas para proteger o cidadão e não podemos ser desrespeitados. Não podem descontar o salário dos servidores, afirmou o presidente da Associação de Praças da PM, Vanderley Ribeiro.
Os manifestantes chegaram a subir na mesa da presidência durante a ocupação. A sessão plenária programada para ontem foi suspensa e os projetos de lei em pauta serão votados em outra data a ser marcada. Entre eles, o do deputado Wanderson Nogueira (PSOL), que limita os gastos do governo estadual com publicidade. Os servidores deixaram a Casa cantando o Hino Nacional. Ele pediram ainda a saída de Pezão do cargo de governador. Segundo o Batalhão de Grandes Eventos da PM, havia 10 mil pessoas no protesto em frente à Alerj. Às 16h, cerca de 3 mil. Os funcionários públicos protestaram contra a intenção do governo de cortar 30% dos salários de todos os 460 mil servidores, entre ativos, aposentados e pensionistas.
O presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB) soltou nota repudiando o fato: A invasão do plenário da Alerj é um crime e uma afronta ao estado democrático de direito sem precedentes na história política brasileira e deve ser repudiado. Esse é um caso de polícia e de justiça, e não vai impedir o funcionamento do Parlamento. No dia 16 iniciaremos as discussões das mensagens enviadas à Alerj pelo Poder Executivo. Os prejuízos causados ao patrimônio público serão registrados e encaminhados à polícia para a responsabilização dos culpados. Durante a ocupação, ele estava em reunião com o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho.
O Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino (Sepe-RJ) anunciou que promoverá paralisação esta sexta-feira contra as medidas de ajuste fiscal. A Federação das Associações e Sindicatos dos Servidores Públicos e Entidades Municipais do Rio de Janeiro, também estuda parar.