Em resposta a denúncias de que traficantes que atuam na Zona Norte de Niterói estariam, além da venda de drogas, explorando a venda de botijões de gás, policiais militares do 12º BPM (Niterói) foram acionados e realizaram uma operação, na tarde de quarta-feira, na comunidade do Morro dos Marítimos, no Barreto. Militares do Grupamento de Ações Táticas (GAT), com apoio de um veículo blindado, vasculharam a localidade. Na Travessa Libório, os policiais prenderam Wallace Nascimento Peixoto, de 23 anos. Com ele foi apreendida uma mochila contendo 577 pinos de cocaína, 151 trouxinhas de maconha e 180 pedras de crack.
A proibição do serviço de entregas pelas empresas regulares e a exploração da venda de botijões do gás de cozinha pelo tráfico em comunidades de Niterói não é fato novo. No mês passado, por exemplo, a Polícia Civil passou apurar denúncias que traficantes da comunidade Buraco do Boi, também no Barreto, estariam (assim como agem grupos milicianos) atuando na venda de botijões de gás e outros serviços na localidade, como a comercialização de sinal clandestino de TV a cabo (popular gatonet). No início do ano, também após denúncias e trabalho de levantamento da 79ª DP (Jurujuba), moradores das comunidades da região Peixe Galo e Lazareto e Preventório, em Charitas, respiraram mais aliviados, quando agentes prenderam pelo menos 20 pessoas ligadas ao tráfico, que estariam explorando e proibindo a população de ter acessos a serviços de fornecimento de sinais de internet e outros atendimentos considerados essenciais. A Operação Escotilha, resultante do trabalho de investigação praticamente desbaratou o grupo de traficantes, que seria liderado pelo criminoso conhecido como Mata Rindo, que morreu em confronto com policiais civis e militares no início desse mês, e por outros bandidos que já cumprem pena em presídios.
Assim, como em outras localidades, o faturamento reforçaria a contabilidade do tráfico de drogas. Na mesma comunidade, em 2017, uma carga de botijões de gás foi recuperada. Na ocasião, foram recuperados 296 botijões de gás, que seriam revendidos para moradores dentro da localidade com preço ainda mais caro que de mercado, também caracterizando a prática de crime de extorsão. A mesma prática criminosa também foi investigada anos antes, dessa vez no Complexo do Estado, no Centro. Operações foram deflagradas para reprimir, além da venda ilegal de gás GLP, sinal clandestino de TV a cabo. Na ocasião, a 4ª Promotoria de Investigação Penal, da 2ª Central de Inquéritos (Niterói) expediu Mandado de Busca e Apreensão numa operação nessas localidades. Foram apreendidos 140 botijões de gás, que estavam armazenados, em estado precário, em um caminhão. A Promotoria instaurou procedimento de investigação criminal, após receber denúncia anônima, que relatava também atividades ilegais de exploração dos moradores, como a comercialização de cestas básicas e água, numa espécie de monopólio da exploração de serviços.