O paratleta Pedro Neves, de 40 anos, morador do Morro do Cavalão, ganhou três medalhas na 1ª edição dos Jogos Parapan-Americanos Universitários (ouro no Salto em Distância e duas pratas no Arremesso de Peso e Lançamento de Dardo). Estas medalhas chegam para acrescentar a coleção do esportista que ganhou mais de 130 ao longo dos 14 anos de trajetória. Pedro nasceu em uma família de classe média baixa na Região Metropolitana do Rio e é destaque no esporte.
Ele possui ainda importantes títulos na carreira, como: campeão Paralímpico Pan-Americano no Salto em distância em Toronto (2015), no Canadá, registrando o recorde nacional; medalha de ouro no Salto em Distância e no Arremesso de Peso nos Jogos Universitários Paralímpicos (2017); e medalha de ouro no Salto em Distância e no Lançamento de Dardo nos Jogos Universitários Paralímpicos (2018).
Ainda na gestação, a mãe do atleta teve um problema de saúde e ele teve paralisia cerebral, o que culminou na atofria do braço e da perna direita. Filho caçula, perdeu a mãe quando tinha apenas dois anos e foi criado, junto com seu irmão mais velho e mais cinco primos, por uma tia. O pai, apesar de presente, não tinha condições de sustentar duas crianças. Passou a infância e a adolescência cercado pela violência da cidade. Perdeu muitos amigos para o crime e tem consciência que poderia ter sido mais um se não fosse o esporte em sua vida. "Nasci preto, pobre e favelado e consegui chegar até aqui com muita garra e fé. Se deu certo pra mim, pode dar certo para qualquer um, afirmou o atleta que cursa o 6º período de Administração do Centro Universitário Celso Lisboa, no Rio de Janeiro.
Com 18 anos, começou a trabalhar como office-boy na Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef) e viu ali a chance de mudar de vida. Antes do atletismo, tentou a sorte no futebol e na natação, porém não teve sucesso. Mas foi o olhar de um técnico que fez a sua vida mudar. Voltando desolado de uma competição de natação em que ficou em último lugar, e pensando em desistir do esporte, Pedro foi chamado pelo técnico de atletismo da Andef, Pedro Teixeira, para fazer um teste para a equipe. E foi assim, aos 26 anos, que ele iniciou a carreira. Em 2007, participou da sua primeira competição, onde garantiu três medalhas de ouro de uma só vez - nos 100, 200 e 400 metros, ganhando o título de atleta revelação. De lá, não parou mais, participou de outras várias competições, colecionou diversas medalhas e troféus e vem deslanchando cada dia mais.
Hoje, Pedro ainda mora na comunidade em que nasceu, é casado, tem duas filhas (uma de 17 e 19 anos) e dois netos (um ano e outro de dois meses) e sonha criar um projeto social esportivo para as crianças, que assim como ele, não têm oportunidade e correm o risco de se envolverem com o mundo do crime. Quero servir de exemplo para as crianças do Brasil todo. Nasci minoria: preto, pobre e favelado e consegui chegar até aqui com muita garra, otimismo, fé e determinação. Se deu certo pra mim, pode dar certo para qualquer um. Quero que as crianças carentes tenham acesso ao esporte, aprendam que além de qualidade de vida, o esporte pode e salva vidas. Salvou a minha. Hoje eu estou aqui para comemorar as minhas vitórias e contar a minha história porque um dia eu resolvi correr, lembrou Pedro que recebe orientação dos professores de Nutrição, Educação Física e Fisioterapia da universidade.