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A história é contada por historiadores numa narrativa de poder da época, seletiva, deturpada e mentirosa. Nas colonizações das Américas, a população indígena foi eliminada em cerca de 90%. Foram devastadoras, cruéis, perversas, o extermínio, através de assassinatos, mas também das suas culturas, tudo em nome de uma missão de civilização e de evangelização pelos colonizadores.
O genocídio indígena começou com a invasão dos espanhóis (1942), continuou com os portuguesas (1500), os franceses (1534), depois os holandeses (1621) e ingleses.
Segundo as pesquisas da University College London, a colonização exterminou quase 90% da população em um século, ou seja, cerca de 56 milhões de indígenas. No Brasil, em 1500, tínhamos mais de 3 milhões de indígenas, hoje são cerca de 900 mil.
Os crimes cometidos nas colonizações foram os mais variados: matança em em massa, torturas, estupros, invasões, escravidão, devastação das florestas e desapropriação das terras indígenas. Além disso, os invasores traziam várias doenças para as tribos. O trabalho escravo matou centenas de índios nas minas e plantações. Os colonizadores enriqueciam com a exploração da madeira, pedras preciosas, da prata do ouro, que eram enviadas para os reinos.
Das torturas mais cruéis, se é que existe tortura que seja menor, governos latinos submeteram mulheres indígenas a esterilização forçada e os homens foram submetidos a vasectomia.
Os invasores e colonizadores europeus justificavam suas barbaridades em nome de uma civilização superior pelo domínio de uma “terra de ninguém”, a doutrina da terra “nullius”.
Além do domínio territorial, do massacre dos povos indígenas, foi devastadora a tentativa de acabar com a cultura, os costumes, as crenças, as línguas e o modo e vida, dos povos originários. A meta dos invasores era sempre acabar com a história e a identidade indígena. Esta abominável justificativa de superioridade racial e cultural dos europeus, se perpetuaram , ao longo dos séculos, unindo o poder imperial, político e a igreja.
Os povos indígenas lutaram por séculos para que seus direitos fossem reconhecidos e respeitados. Somente, em 1948, a Convenção para a Prevenção e Punição de Crimes de Genocídio da Organização das Nações Unidas (ONU) classificou o genocídio de crime e o definiu como “atos cometidos com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico e racial.
Com a Constituição de 1988, o Brasil começou a reconhecer suas culturas, línguas, crenças e tradições. Na Ditadura militar houve também extermínios de centenas de índios.
O número de mortes e as cenas patéticas de crianças famintas e desnutridas dos yanomamis é a imagem mais simbólica da cruel situação atual e que se agravou com o governo Bolsonarista.
Mesmo alguns avanços no Governo Lula, com a criação do Ministério dos Indígenas,a retomada da Funai, a criação de algumas secretarias voltadas para os povos indígenas, os povos das florestas continuam ainda sob a mira da ganância, das violações de seus direitos, das invasões de suas terras, assassinatos, agressões, ameaças, queimadas criminosas, contrabando de minérios e poluição dos rios. Com isso, ainda ocupam a primeira posição do ranking de principais vítimas de violência no campo.
O protagonismo, o respeito, o reconhecimento, a afirmação desta identidade civilizatória, exigem mais que palavras e eventos, mas a inclusão desses povos nos processos decisórios de seus direitos.
E mais que isso, o Brasil e o Mundo precisam pedir perdão ao índios, nossos ancestrais, por tanta chacina e genocídio.