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O Brasil e o mundo devem um pedido de perdão aos índios
O Brasil e o mundo devem um pedido de perdão aos índios
Foto do autor Mário Sousa Mário Sousa
Por: Mário Sousa Data da Publicação: 27 de abril de 2024FacebookTwitterInstagram

A história é contada por historiadores numa narrativa de poder da época, seletiva, deturpada e mentirosa. Nas  colonizações das  Américas, a  população indígena foi  eliminada em cerca de  90%. Foram devastadoras, cruéis, perversas,  o extermínio, através de assassinatos,  mas também das suas culturas, tudo em nome  de uma missão de civilização e de evangelização pelos colonizadores.

O genocídio indígena começou com a invasão dos espanhóis (1942),   continuou com os portuguesas (1500), os franceses (1534), depois os  holandeses (1621) e ingleses. 

 Segundo as pesquisas da University College London, a colonização exterminou quase 90% da população em um século, ou seja, cerca de 56 milhões de indígenas. No Brasil, em 1500,  tínhamos mais  de 3 milhões de indígenas, hoje são cerca de 900 mil.

Os crimes cometidos nas  colonizações foram os mais variados: matança em  em massa, torturas, estupros, invasões, escravidão, devastação  das florestas e desapropriação das terras indígenas. Além disso, os invasores traziam várias doenças para as tribos.   O trabalho escravo matou centenas de índios nas minas e plantações. Os colonizadores enriqueciam com a exploração da madeira, pedras preciosas, da prata do ouro, que eram enviadas para os reinos.

Das torturas mais cruéis, se é que existe tortura que seja menor, governos latinos submeteram mulheres indígenas a esterilização forçada e os homens foram submetidos a vasectomia.

Os invasores e colonizadores europeus justificavam suas barbaridades em nome  de uma civilização superior  pelo domínio de uma “terra de ninguém”, a doutrina da terra “nullius”. 

Além do domínio territorial, do massacre dos povos indígenas, foi devastadora  a tentativa de acabar com a cultura, os costumes, as crenças, as línguas e o modo e vida, dos povos originários. A meta dos invasores era sempre  acabar com a história e  a identidade indígena. Esta abominável justificativa  de superioridade racial e cultural dos europeus, se perpetuaram , ao longo dos séculos, unindo o poder imperial, político e a igreja.   

Os povos indígenas lutaram por séculos  para que seus direitos fossem reconhecidos e respeitados. Somente, em 1948, a Convenção para a Prevenção e Punição de Crimes de Genocídio da Organização das Nações Unidas (ONU) classificou o genocídio de crime e o definiu como “atos cometidos com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico e racial.

Com a  Constituição de 1988, o Brasil começou   a  reconhecer  suas culturas, línguas, crenças e tradições. Na Ditadura militar houve também extermínios de centenas de índios. 

O número de mortes e as cenas patéticas de crianças famintas e desnutridas dos yanomamis é a imagem mais simbólica da cruel situação atual e que se agravou com o governo Bolsonarista.

Mesmo alguns avanços no Governo Lula,  com a criação do Ministério dos Indígenas,a retomada da Funai,  a criação de algumas secretarias voltadas para os povos indígenas,  os povos das florestas continuam ainda sob a mira da ganância, das violações de seus direitos, das invasões de suas terras, assassinatos, agressões, ameaças, queimadas criminosas,  contrabando de minérios e poluição dos rios. Com isso, ainda ocupam a primeira posição do ranking de principais vítimas de violência no campo.

O protagonismo, o respeito, o reconhecimento, a afirmação desta identidade civilizatória, exigem mais que palavras e  eventos, mas   a inclusão  desses povos nos processos decisórios de seus direitos.

E mais que isso, o Brasil e o Mundo precisam pedir perdão ao índios, nossos ancestrais, por tanta chacina e genocídio. 
 

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