Raquel Morais -
A dragagem do Canal de São Lourenço está caminhando a passos largos e o avanço no processo deixa otimista todo o setor naval: dos donos dos estaleiros aos operários. A proximidade dessa solução, que se arrasta há cerca de 10 anos, poderá ser o chamariz para trazer de volta os áureos tempos desse segmento em Niterói. O mercado de trabalho deverá ser aquecido. Empresários do setor calculam economia de 30% com a intervenção, custeada pelo Governo Federal, e o projeto inclui deixar o canal com sete metros de profundidade. Hoje os pontos variam entre um e cinco metros ao longo da Ilha da Conceição.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) informou em nota que a licitação já foi realizada e a empresa selecionada. Essa concorrência foi para realização do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (Rima), para aprovação do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que liberará à obra com custo de R$ 772.598,53 pelo projeto. A Prefeitura de Niterói informou que quatro empresas se candidataram a participar da licitação e entregaram os envelopes com as propostas técnicas, sendo três do Rio de Janeiro e uma do Nordeste. Esta foi a primeira fase do processo licitatório que deverá estar concluído em cerca de dois meses, após o cumprimento dos trâmites legais.
O diretor-geral do estaleiro Camorim, na Ilha da Conceição, Carlos Renato, explicou que essa obra é muito aguardada por todo o setor e, se realizada, irá baratear os custos da sua empresa em até 30%. Há três anos, para fazer a dragagem de apenas 400 metros de extensão, o empresário gastou R$ 5 milhões. Tínhamos a profundidade de dois a três metros e conseguimos deixar em cinco, mas o projeto contempla sete metros, o que seria muito bom. Para trabalharmos com embarcações maiores temos que levar os funcionários para mais distante da empresa, com uma base flutuante e realizar o serviço. Isso vai impactar diretamente na geração de empregos, pois teremos mais trabalho, e os outros estaleiros também, explicou.
Se aprovado, além de aumentar a profundidade do mar retirando lama e dejetos, vai abrir o canal, que fica na altura da entrada do bairro. Com essa abertura a água vai circular e os dejetos não vão ficar parados como acontece há anos. Também vão ser retirados as carcaças das embarcações que liberam muita ferrugem no mar, o que vai melhorar até a pesca, completou Carlinhos, dono da companhia. E sobre a pesca os pescadores Luis Carlos Pereira, de 67 anos, e Heldy Brum, 73 anos, comemoram a novidade. Esperamos muito tempo uma ação dessa. Tenho mais de 40 anos de pesca e nunca vi um período tão ruim para dar peixe. Com essa limpeza os peixes com certeza vão voltar para essa parte e vamos poder trabalhar com o que amamos, apontou Luis, que ressaltou a importância de todo esse trabalho até para ativação do Terminal Pesqueiro.
Durante a reportagem de A TRIBUNA, um homem estava em frente do estaleiro com a carteira de trabalho na mão. Eu quero voltar para o mercado de trabalho e atualmente eu estou trabalhando como pedreiro. Rezo todos os dias para Niterói voltar a ser como era e esse setor voltar a brilhar, comentou o desempregado, que não quis se identificar.
Estamos indo passo a passo e com isso vamos ajudar o Porto de Niterói, os empresários e empregados do setor naval a restabelecerem seus negócios e empregos. Vamos acelerar ao máximo o processo incluindo junto ao governo federal para que em cerca de um ano a indústria comece a respirar e já ampliar sua atuação na área de reparos navais, finalizou Luiz Paulino Moreira Leite, secretário de Desenvolvimento Econômico e Indústria Naval.