Augusto Aguiar -
Cada vez mais, de forma perigosa e gradativa, policiais militares do Rio e de municípios da Região Metropolitana estão registrando ocorrências ou recebendo denúncias sobre a ação de criminosos atacando nas ruas com armamento de grosso calibre, sobretudo com fuzis dos mais variados calibres. Mesmo em alguns casos não sendo comprovado a utilização desse tipo de arma, os bandidos, provavelmente prevendo o terror causado nas vítimas ao apontar e rendê-la com esse armamento, usam réplicas para efeito de intimidação. Dependendo do modelo e estado de conservação, um fuzil pode custar R$ 50 mil.
Ainda com as polícias Civil e Militar (e até Federal) reforçando o patrulhamento nas vias e promovendo incursões e operações em várias localidades de Niterói e São Gonçalo, por exemplo, essa implementação não está servindo para inibir a ousadia dos criminosos, que fortemente armados estão descendo para o asfalto para praticar toda sorte de delitos. Em vários ataques e incidentes em Niterói, o uso da chamada arma longa teria sido apontada na direção das assustadas vítimas. Na manhã do último dia 4 policiais militares do Grupamento de Ações Táticas (12º BPM), que realizavam um patrulhamento pela Estrada Dr. Melchiades Peixoto, próximo ao Complexo do Caramujo, prenderam um criminoso de 21 anos apontado como segurança do líder dos pontos de venda de drogas no conjunto de comunidades, conhecido pelo codinome de Di Revolver. Ele foi surpreendido trafegando em um veículo roubado, dentro do qual foi apreendido um fuzil calibre 7.62 (também conhecido como parafal), com grande poder de destruição, cujo disparo é capaz até de atravessar alguns tipos de blindagem.
No dia 29 de junho, outra ação criminosa causou espanto quando as imagens foram postadas numa rede social. Bandidos fortemente armados, sendo que pelo menos um deles estaria portando um fuzil (ou uma réplica), renderam várias pessoas que conversavam junto a um quiosque, nas proximidades de um dos mais conhecidos cartões postais da cidade (o Museu de Arte Contemporânea), na Avenida Litorânea, no Gragoatá, Zona Sul. Os bandidos roubaram dinheiro e pertences das vítimas. Ainda na Zona Sul, no bairro de Icaraí, moradores denunciaram há alguns dias que bandidos (fortemente armados com fuzis) estavam atacando motoristas numa das mais conhecidas esquinas do bairro, Rua Ministro Otávio Kelly com Avenida Sete de Setembro. Segundo moradores, os marginais desceram de veículos no local (uma das vezes foi a plena luz do dia) e renderam vários motoristas que passavam pelo local. Algumas vítimas assustadas abandonaram os carros para fugirem correndo. Outros manobraram perigosamente para escaparem do ataque. A PM reforçou o patrulhamento na região.
No Rio a sensação é a mesma. Nos mais recentes dados estatísticos, a apreensão das chamadas armas curtas (pistolas e revólveres) estão diminuindo e, na contramão, estão as apreensões de fuzis no estado, que vêm crescendo. Há algum tempo esse tipo de armamento só era visto em algumas comunidades do estado. Nos primeiros cinco meses do ano, 212 fuzis foram apreendidos, número 80% superior ao mesmo período do ano passado. O secretário de Segurança do estado, Roberto Sá, insiste que a Justiça precisa aplicar penas mais duras para quem porta ou importa armas (sobretudo desse tipo) ou trafica as chamadas armas longas. Não custa relembrar que a Polícia Civil apreendeu, no início do mês de junho, 60 fuzis que chegavam na cidade via Aeroporto Internacional Tom Jobim.