Geovanne Mendes -
Nos pontos de ônibus da Avenida do Contorno, em Niterói, nesta quarta-feira (22), foi de tentar entender como se deu o sequestro do coletivo da Viação ABC. Vinte e quatro horas depois do sequestro do ônibus da linha 409, passageiros ainda estavam assustados e temerosos ao seguir para os seus destinos. O medo era tanto que muitos evitavam dar entrevistas. Prova do pânico é que o local foi apelidado de Rota do Medo.
Morador da Ilha da Conceição, o aposentado José do Nascimento diz que depois do sequestro do ônibus a sensação de insegurança chegou ao seu nível mais elevado.
Aqui na Rota do Medo sempre foi perigoso, não é novidade. O que estranha é o aumento destes casos de assaltos em ônibus e agora com esse sequestro então. A minha vontade não é mais usar transporte coletivo, prefiro ficar em casa, comentou o aposentado.
Agora além da preocupação com os assaltos, que são frequentes nos pontos de ônibus, temos que nos preocupar também com sequestro dentro de um meio de transporte público, disse um passageiro que não quis ser identificado.
Para o Conselho Comunitário de Segurança a falta de efetivo contribui para ação de criminosos. É preciso que as autoridades vejam e entendam a necessidade da população e dos indicadores de violência. Da forma que estamos seguindo para o caos total, declarou Leandro Santiago, presidente do conselho.
O Caso
No início da manhã desta terça-feira (21), o gonçalense John Lennon Silva Barbosa, de 25 anos, morador do Morro da Coruja, no Vila Lage, entrou no coletivo da Viação ABC, pagou a passagem, sentou no banco para pessoas com deficiência e, na altura da loja Leroy Merlin, na BR-101, anunciou o assalto. Segundo testemunhas, ele passou por todas os passageiros recolhendo pertences como celulares, carteiras, relógios e joias. Ele só não contava com uma série de sinais transmitidos pelos passageiros e motoristas para os policiais da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que ajudavam no trânsito na BR-101. As negociações duraram cerca de uma hora e meia e o assaltante só se entregou depois que sua esposa e filhos chegaram ao local. No final, ninguém ficou ferido.
O Sindicato das Empresas de Transportes do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj) informou por nota que mesmo com a colaboração permanente do setor junto aos órgãos de segurança, através de sistema de parceria, as ocorrências de assalto naquela região vêm aumentando consideravelmente. O Setrerj e suas Associadas esperam que os órgãos de segurança atuem de forma rápida e definitiva, no sentido de estancar essa crise de insegurança que atinge seus clientes.
Já a Polícia Militar informou que realiza operações de abordagem e revista em ônibus através dos efetivos do 12º BPM (Niterói), 7º BPM (São Gonçalo) e do Grupamento de Policiamento Transportado em Ônibus Urbano (GPTOU), para coibir práticas delituosas, como roubos, furtos e depredações. Essas ações são feitas rotineiramente seguindo planejamento operacional de cada batalhão. A PM e a Polícia Rodoviária Federal atuam em parceria nos acessos às rodovias federais.